segunda-feira, 10 de junho de 2013

CRÔNICA DA ESCRITORA LUCIENE TREVEJO DE RIBEIRÃO PRETO SOBRE A 2ª FLIMAR




Está certo.
Desejei que meus olhos  tirassem fotografias, pois só  eu, e ninguém mais, nenhuma lente conseguiu  registrar todas as imagens e momentos e expressões que ficarão guardadas na memória.
Desejei que meus ouvidos fossem gravadores, para poder  voltar  quantas vezes quisesse e ouvir cada palavra que consegui sorver  daquele lugar.
Nenhum  final de semana de compras, nenhuma viagem à Europa, nem mesmo um  mega show internacional  me impressionou e me acrescentou tanto.
Eu tive uma semana de cultura, de carinho  alagoano, baiano, carioca, pernambucano.
Eu  vi o mar do Francês com olhos de saudades, mais amadurecidos pela vida.
Eu vi Marechal Deodoro e seu povo acolhedor e multicolorido.
Eu vi Alceu Valença,  Luiz Berto, Jessier Quirino,  Chico de Assis,  Míriam Sales e não vou citar mais ninguém, pois esse texto ficaria gigante,  já que alí, eu só vi pessoas grandiosas, como nunca tinha visto.
Eu ganhei livros com dedicatórias  que me emocionaram.
Eu vi circulando pelas ruas, cães  em bando. Bando de cães felizes.
Eu conheci pessoas que poderiam passar despercebidas, até começarem a falar. Depois desse momento, jamais sairão de minha memória.
Eu recebi demonstrações de afeto tão  grandes,  que quase me senti   tão especial quanto eles todos.
Eu  vi um homem miudinho,  de quase não sei quantos anos de idade, subindo ao palco com sua rabeca,  esculpida em próprio punho,  tocar seu instrumento tão magnificamente, que virei sua fã instantaneamente, e quando pedi apaixonadamente para  tirar uma foto comigo, ele, todo feliz  com a fila que se formava, disse baixinho: “Eu âââââmo vocês!”  que traduzindo-se na linguagem do sentimento, dizia: “Obrigado por gostarem de mim!”
Eu  vi um homem de chapéu panamá, subir ao palco e com sua voz forte, sua postura de gigante e sua presença de palco,  fazer com que eu vertesse rios de lágrimas ali, no meio de todo mundo, ao recitar alguns dos mais belos poemas que conheço.
Me sentei todas as noites com gente que falava sobre ideais, sobre literatura, livros e cultura e não sobre pessoas e vida alheia.
Eu conheci Simone e Sandra, e descobri  que são minhas fãs tanto quanto sou fã delas.
Eu conheci uma família maravilhosa, cheia de paz e serenidade .
Ouvi  a frase mais linda dos últimos tempos:  “Eu só quero uma coisa na minha vida: Fazer essa mulher feliz”.
Vi casinhas com eira, vi casinhas com beira  e entendi por que a minha, não tem eira nem beira.
Vi mulheres tecendo renda, trançando fios por dias e dias e dias, para no final de uma semana, vendê-los quase de graça.  É a trama da vida de cada uma delas, que seguem felizes com a simplicidade grandiosa de sua arte.
Eu  entendi, finalmente, como se mede o tamanho de um homem e onde é que mora sua grandeza.
Eu conheci pessoas verdadeiras e indiscutivelmente   talentosas e anônimas. Conheci  também talentos que  a mim, eram anônimos.
Eu presenciei um black out  que me fez lembrar o quanto  adoro as estrelas, mas   o céu de Marechal Deodoro é mais bonito do que o céu do resto do mundo.
Eu conheci duas mulheres lindas, que se amam e tem uma parceria linda vida afora, cheias de tranquilidade, amor e carinho uma pela outra.
Eu vi e peguei no colo um filhote de bicho preguiça, que  também me fez chorar de emoção.
Uns meninos me pediram o famoso “um real”. Dei dez e recebi o abraço mais apertado do mundo.  Esse, vinha sem preço.
Fiz uns 6 bons e grandes novos amigos e reconheci  a amizade já existente, que  finalmente, se tornou  real. Só por isso, viver já teria valido a pena.
Eu vi que meu  mundo se ampliou, por que o modo como  vejo a vida, é diferente da semana passada.  Me sinto como uma pequena bexiga que  inflou, e jamais conseguirá voltar ao tamanho original.
Eu dei risada por me sentir alegre, eu gargalhei  por achar graça, eu chorei por me emocionar.
Eu percebi  que no mundo existem pessoas exacerbadamente grandiosas. Só não sabia seus endereços e nem elas, o meu.
Enfim, nada que eu seja capaz de escrever por aqui, fará  justiça  aos momentos que me foram proporcionados e eu, princesa esperta que sou,  soube aproveitar cada um deles.
Eu conheci gente de todos os cantos, com culturas diferentes e conheci  gente  de um só lugar, e compreendi  o Orgulho de Ser  Nordestino.
Quando Deus foi jogar sobre  a Terra  as sementinhas das  almas talentosas, triplicou a quantidade no nordeste, por receio das sementes não vingarem, por causa da terra seca, e deu nisso..
Eu vi um homem dedicando-se de corpo e alma para que tudo desse certo, e deu.
Esse grãozinho de areia que vos escreve,  através desta,  quer agradecer a cada um, e especialmente   a Carlito Lima, que  entre todos, foi o maior responsável    pelo sucesso  da  II Flimar .
Muito obrigada.


Nenhum comentário:

Postar um comentário